03 outubro, 2007

Alma Gêmea. (parte VII, o início).




Não havia chances daquele guerreiro ganhar. Quando Pequeno Marramed tinha sido um dos melhores alunos na escola de lutas nas montanhas de Qüerola.

O que mais lhe preocupava era o seu sentimento por aquela mulher.

O grande guerreiro apontou sua lança e atacou sem piedade rasgando roupa e pele de Marramed. A dor foi aguda e surpreendeu-se pela agilidade de seu inimigo; Grande e pesado possuía uma rapidez impecácel em seus movimentos. Notou em seus olhos que havia algo de errado; como se estivesse alucinado. Quando o guerreiro o abraçou chegou a sentir em seu hálito um cheiro forte de ervas. Já conhecia as plantas da redondeza e aquela era alucinógena. Sabia-se lá o que se passava por aquela cabeça primitiva - pensou. Deixou-se cair colocando todo o peso de seu corpo sobre o guerreiro, e ainda assim, não o soltou. O ar já lhe faltava quando usou a perna como contra peso e ficando mais uma vez sobre o oponente. Cabeceou com toda força e nada. O inimigo parecia decidido a liquidá-lo naquele golpe. Procurou ter calma e pensar. A raça branca possuía uma cartilagem nasal maleável, mas com um golpe certeiro e com certa velocidade, poderia se transformar numa excelente arma. Reuniu toda a sua força e, desta vez, golpeou com a cabeça a ponta do nariz de baixo pra cima. A cartilagem fina serviu como uma lança atingindo fatalmente o cérebro do grande guerreiro. A morte foi rápida.

Foi só a noite que se descobriram que a ponta da lança estava envenenada. Foi chamado o curandeiro que passou a noite cantando uma melodia estranha e defumando a tenda. O calor que Marramed sentia fazia-lhe pedir água insistentemente. E todos já o tinham como morto.

O barulho era ensurdecedor. Cidades pareciam tocar aos céus com as pontas das enormes antenas que saíam dos edifícios. Noite dia, dia e noite pareciam brincar com as sombras dos objetos e das pessoas que andavam de um lado a outro. Automóveis cogestionavam as avenidas e deles saíam fumaças que escureciam as alturas. Buzinas, gritarias, apitos de guardas e um trem que passava , completava aquele cenário assustador.

Mas ainda havia pássaros; ainda havia luz; de alguma forma ainda existia esperança.



Uma intensa escuridão cobriu toda a cidade impossibilitando de ver qualquer coisa. Um estranho silêncio o envolveu. Sentia agora um vazio inundar-lhe a alma e pensou se aquilo era a morte. Mas algo se fez vivo. Uma luz sustentada por duas mãos vinha ao seu encontro. Era uma luz amarela que parecia formar as dimensões de um planeta, e do seu interior, raios brancos rasgavam toda a escuridão.

Sentiu o calor de uma voz junto ao seu ouvido que disse em tom baixo. -"zaragata."

Ficou sentado bruscamente em seu leito quando o ar fresco inundou-lhe os pulmões. O curandeiro lhe dava as costas partindo pela porta de pano . E a mulher, rindo, o empurrou forçando-o a deitar-se novamente.

Não entendia o que o feiticeiro tinha lhe feito; seja o que fosse, estava vivo.



Passaram-se anos até decidir procurar uma raça chamada Atlantes. A sua mulher havia morrido e o seu filho, já crescido, ficaria aos cuidados do curandeiro da tribo. A civilização Atlantes possuía uma tecnologia admirável e com certeza algum mentor de outra raça, de outro planeta, administrava tal fato. Seria uma boa chance de conseguir alguns componentes para consertar sua nave; a oxidação causou-lhe problemas irreparáveis quando caiu ao mar.

Olhou para trás e viu o seu filho, já com seus quarenta e cinco anos, acenando vagarosamente; Um belo rapaz que já alcançava a altura do pai e possuia os olhos claros da mãe. O curandeiro também o olhava e parecia dizer tudo naquele silêncio místico que o acompanhara em toda a sua vida. Olhou para frente, respirou fundo, e deu o primeiro passo ao encontro do futuro.











4 comentários:

Tifon disse...

óptimo post.
Estou a tentar acompanhar fielmente os teus posts, mas com tanta imaginação e força de vontade, é um pouco difícil. xD

A música está demais, adoro! ;)

O teu blog é cada vez mais fixe


Da tifongirl

P.S. - Passarei mais vezes

Jotacarlos. disse...

Srº Tifon,

o início de tudo sempre é complicado; e não foi diferente com a nossa humanidade.
Após o próximo post a ídeia é focar apenas os ensinamentos de Phaíbe.
Os post's serão curtos...
Agradeço de coração e farei de tudo para q curta alguns minutos, momentos de "possibilidades".

um abraço.

R. B. Dillinger disse...

Excelente texto. Adorei!
abraço!

Cris Penha disse...

Agora to conseguindo acompanhar a história toda e te digo...

que fôlego vc tem para escrever hein...????

Surreal...

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.