06 junho, 2007

Alma gêmea ( Parte I "O início").

Finalmente tinha chegado a hora de colocar em prática tudo aquilo que seu pai lhe ensinara desde cêdo, nos primeiros passos de vida: Todo garoto damaliano que pretendia ser um mensageiro do universo, ou vontade da família mediante ao costume através de gerações passadas, ao chegar aos oitenta anos, tinha como sacrifício, ser lançado ao espaço numa pequena nave e depender da própria sorte para retornar. Claro que o conhecimento nato, a perspicácia e o sangue de bons guerreiros ancestrais, tinha influência. Porem, ainda sim, a sorte era o grande percentual do sucesso de sua sobrevivência.

Se não existisse o fator sorte, o retôrno era certo e inevitável. Bastava se deixar levar para os confins do universo e passar anos estudando engenharia da nave, mapas estrelares, cursos tridimensionais em viagens ano-luz e planetas com suas respectivas posições em determinadas galáxias; Ao navegante, a prova consistia em voltar o mais rápido possível.O regresso mais rápido que fazia parte dos antigos registros de sua civilização, era de duzentos e oitenta anos, porque as estórias ao longo dos milênios narravam as mais aterradoras experiências de navegantes que sobreviveram ou não, diante da longa jornada.
O navegante tinha um potente arsenal de informações dentro de um complexo computador à base de cristais ionizados; Tinha tambem uma máquina que reciclava a urina e os 100.000 litros d'água -, uma substância bem mais pura e cristalina, e bem mais nutritiva do que o H2O da terra -, armazenada em enormes tanques de material vivo; Tinha um animal que expelia em suas mamas um líquido com os mesmos componentes da água, e este se alimentava de "burf's".

"Burf's" era um animal que vivia ao norte escuro do planeta e se procriava assexuadamente. Nas viagens, lhe era dado componentes químicos que acelerava o processo de cria, gerando animais para o consumo semanalmente, enriquecendo o organismo do navegante com proteínas, sais minerais e hormônios complexos. Ainda tinha alimentos guardados com prazo de vencimento prolongado e uma estufa com vegetais que exigiam o mínimo de água e possuíam grandes doses de vitaminas.

Estava com mêdo. Sabia de estórias de navegantes que jamais regressaram, de navegantes que voltaram ao final de suas vidas, de naves que regressaram com tripulantes mortos e naves que ao entrarem em óbita do planeta, explodiram na atmosfera damaliana, ou nas altas montanhas de Qüeróla, ao sul.

A decolagem foi silenciosa. A trajetória já fora traçada pelo Nônficos, - instrutores juízes, antigos mensageiros do universo, aposentados de suas antigas missões.

O entardecer ao horizonte belo e antigo, o entorpecia amenizando a saudade, já presente, de sua
família que o acenava freneticamente. O pai orgulhoso. A mãe igualmente em todo o universo, triste, tambem acenava perdida em pensamentos afetivos.

Os dois sóis relusiam ao longe. O seu planeta enorme e vivo, já diminuía com a distância. Ainda pôde ver os oceânos brilharem ao sul. Na memória, os enormes pássaros vulcânicos que voávam silenciosamente as margens dos rios azuis das montanhas de Qüeróla.

O enorme garoto de apenas oitenta anos, de côr negra, estava olhando agora, em sua frente, uma imensidão de estrêlas coloridas, silenciosas; um verdadeiro silêncio, quase mortal.

O seu destino o engolia sistematicamente. A sua vida começava agora.



"continua..."

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.