14 junho, 2008

O Avatar (Após a crucificação)

Mesmo com o corpo transparente, conseguia reter as grossas gôtas de chuva que caíam demasiadamente pesadas. O vento forte surgia das profundezas da noite escura assobiando melodias longas, tétricas e assustadoras. Raios seguidos por fortíssimos trovões iluminavam rapidamente um cenário adormecido e assustador. Talvez, não imaginassem o quanto aquela noite significaria para o futuro da humanidade; Talvez, não pudessem imaginar que aquela noite mudaria o perfil de um planeta por muitos e muitos anos.

Os dois guardas convocados na guarda do túmulo de Jesus tremiam de frio castigados pelo forte vento e chuva; ou, receosos por um deslize, qualquer que fosse. (Era conhecido em todo império romano a alta disciplina de seu exército. Qualquer deslize de sua conduta ou falha profissional de seus afazeres militar, o castigo iria de dezenas de chicotadas até a queima de suas roupas numa rápida cerimonia que finalizaria com a queima de seu corpo nu).
E foi de repente que um raio sobressaio dos outros e uma forte luz azulada pairou sobre os guardas que, paralisados, despencaram-se ao chão em um sono profundo. Um outro feixe de luz mais fraca fêz com que a pesadíssima pedra que fechava o sepulcro de Jesus, flutuasse como uma pena. Foi largada à uns dez metros além.
Notei que não mais chovia, pelo menos alí, onde tudo acontecia na calada da noite, onde agora, imperava um silêncio estranho como se nada arrastasse, nada se acendesse, nada voasse ou nada respirasse. Definitivamente era um silêncio estranho e uma calmaria inexplicável.
E de dentro do túmulo surgiu um corpo magro e visivelmente debilitado que flutuava lentamente para o interior da forte luz azulada. Pude observar com os olhos cerrados que se tratava de uma nave de pequeno porte. Um símbolo me chamou a atenção: era a de um peixe desenhado impecavelmente em sua fuselagem radiante. Ainda pude ver tembem que Jesus levantou a cabeça e acenou com grande esforço, para alguem no interior do veículo. E de suas chagas saíram luzes maravilhosas. Vi uma luz magnífica saindo de sua mão e envolvendo todo o seu corpo numa verdadeira explosão de luzes que flutuava para o interior da nave. A forte luz parecia agora mudar de forma e cores, e na velocidade de um raio, a nave seguiu para os confins da imensidão dos céus.
O sangue que Jesus deixou escorrer para o chão encharcado, desfazia-se com a pequena correnteza dentro da lama pela forte chuva que continuou e, pelos meus dedos molhados e trêmulos que se esfregavam tentando sentir o teor daquele santíssimo fluído.




Já acostumado com a escuridão, os olhos notaram
os objetos no interior do sepulcro: Alguns vasos aromatizantes, uma pedra lisa onde seria o leito mortuário de Jesus e, sobre ela, faixas de linho aproximadamente 30 cm de largura uma sobre a outra, que supostamente enrolava as axilas até o tornozelo de Jesus. Ainda sentia o cheiro das especiarias aromatizadas sobre o linho.

Escutei vozes e afastei-me sorrateiramente. Alguns homens se aproximavam e espantaram-se ao ver o túmulo aberto. Escutei um nome e o reconheci: era o discípulo João.


Os homens gritavam e apontavam a esmo. Estavam completamente atordoados.
" ONDE ESTAVA O CORPO DE SEU MESTRE?"

Daí em diante as estórias são inúmeras e a especulação da realidade é um jardim perfeito para a oportunidade de nascimento de várias seitas de diversas concepções religiosas.
As pessoas do meu tempo parece não entenderem que não importa o que tenha acontecido, o que importa, é que este último avatar, (já existiram outros como conta a história esotérica), nos deixou um legado magnífico de humildade e esperança; Tambem nos ensinou a ter uma fé sem preconceitos ou ganâncias, mas uma fé verdadeira de que sempre vai existir alguem lá em cima que te ama e sempre estará com a gente. O mundo em meu tempo parece se extinguir a cada dia: as pessoas parecem se odiar cada vêz mais e não se amar como deveriam se amar como se ama a sí próprio que foi o que mais Jesus procurou ensinar. A fé não é acreditar naquilo ou naquilo outro; em imagens ou seitas impostas por alguem que díz que a salvação está em doar algo de sí ou de suas reservas, mas a fé consiste em ser humilde e acreditar em sí próprio pela salvação. Doar aquilo que é o de mais valioso para sí: a própria vida em sacrifício e sem querer nada em troca. Fé é acreditar em sí e no amor ao próximo, pois onde erguer uma madeira e orar ao criador em nome de Jesus, a esperança estará alí, forte e renovada: Produto de uma vida de sacrifício que passou a ser sagrada quando esta mesma vida arcou com os pecados da humanidade e ainda assim, foi crucificada.

O começo.

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.