O ar me faltava no pulmão. Sabia que o sangue poderia coagular nos bronquios e,
se me deixasse abater, com certeza, não saíria vivo dali.
Fui montando a barraca na velocidade que o corpo permitia. Ainda podia ver a magnífica paisagem ao meu redor. Nunca me sentí tão só. Escutava apenas o barulho gritante em meu ouvido, daquele vento interminável, o mesmo vento que cortava o meu grosso macacão, e as minhas costelas trêmulas.
Phaíbe abriu a porta da barraca com violência e fiquei imaginando a imagem que ele vira. Estava tremendo, deitado, perdido sob inúmeras cobertas de algodão.
- Ninguem sabe o dia exato do nascimento de Jesus. Nunca foi confirmado com precisão.
- Por que voce está falando isso?.
- Não sei. - disse usando apenas aquele fino macacão com um sorriso rasgado sobre a face como se não sentisse frio algum, mesmo a pele negra estando esbranguiçada por uma fina camada de neve. Continuou -, Se morrer aqui ninguem vai saber o dia exato que voce foi dessa pra melhor.
- Estou morrendo de rir, se é que isso foi uma piada. Mas..., - perguntei tremulamente me arrumando mais ainda sob as cobertas -, Jesus não nasceu em 25 de dezembro? Não é possível. Lá vem você.
continua....
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