23 janeiro, 2007

A religião ocasional.

Fiquei entorpecido com a imagem que surgiu a minha frente. Por um momento, esqueci o como estava cansado. Não tinha a mesma forma física de antes. Com a minha idade, subir a pedra da Gávea era um martírio.
Do horizonte azulado, de um mar sereno, de uma paisagem extraordinariamente arquitetada por um divino, por entre pequenas núvens que desenham inúmeras formas inisitadas.., surgiu ele, Phaíbe; Com aquele sorriso aberto e um andar peculiar de alguem realmente diferente:
- Phaíbe? - já me acostumava com a sua sempre súbita aparição.
- Sim, o que que saber agora?
- Devemos ter, cada um de nós, uma religião?.
Phaíbe respirou fundo e olhou aquela paisagem como se fôsse a primeira vêz em vê-la. Disse com grande entusiasmo:
- Vamos imaginar há quinze mil anos atrás numa aldeia primitiva. Um meteoro a noite rasga os céus numa luminosidade até então nunca vista, caindo ao chão fazendo um barulho estranhamente assustador. Não era grande não e por ser leve, por causa de sua composição química, a rocha de três metros não afundou ao chão por inteira. Apartir daí, criou-se um verdadeiro misticismo sobre a rocha. Componentes da tribo sonhavam com a rocha, interferindo nas decisões do dia a dia ora na caça ora nos campos de agricultura. Criaram estória de mulheres inférteis que pariram crianças após tocarem na tal rocha. Antes de atacarem a tribo vizinha, lá estavam eles sacrificando pequenos animais em oferenda para tal rocha, que veio dos céus num veículo alado, que cuspia fogo em labaredas coloridas. A rocha virou a base de uma cultura primitiva que atravessou de geração a geração oralmente através de pai para filho, de pajé para pajé. Milagres aconteceram. Realmente milagres chegaram a aconteer. Houve até um caso de um morto voltar a viver. A verdade, é que uma cidade se formou em volta do pequeno rochedo que caiu dos céus. E era apenas um simples meteoro, e não uma divindade.
- Pô, Deus não existe?.
- EU FALEI ISSO? - desta vêz, pela primeira vêz, me fitou com aqueles olhos negros e profundos. Não imaginava o como era profundo. Parecia ler toda a minha vida naqueles segundos intermináveis de um silêncio avassalador.
- Eu apenas falei... - disse agora em voz baiza, - ... a religião não existe.

Um comentário:

Unknown disse...

A religião verdadeira vem do coração...

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.