07 fevereiro, 2007

O animal dentro de nós

Me via completamente envolto em pêlos castanhos e brilhantes. Sentia que a mente não raciocinava com rapidez. Pra falar a verdade: era difícil de pensar. Olhei Phaíbe ao meu lado e podia observar o como era estranho o seu corpo negro e alto naquele macacão prateado diante da extensa vegetação em nossa volta.
Mas podia sentir em meu pensamento simplório, o como aquela paisagem no desfiladeiro era magnífica. Era assustadoramente alto.
Sentia uma suavidade incrível bater-me a face e assim como por extinto, levantei as mãos tentando pegar aquilo que não via:
- É o vento. - Phaíbe disse em pensamento.
Olhei o céu azul e ví uma bola incandescente que parecia aquecer o meu corpo curvado. Levantei as mãos tentando apalpar aquele calor mas não conseguia:
- É o sol. - Disse em pensamento.
Olhei aquele homem negro e me enchi de ternura como se fisesse parte de mim. Coloquei a mão esquerda no coração e a direita levantei tentando pegá-lo:
- Amizade. - Disse sem mexer os lábios.
Não conseguia ter voz por mais que tentasse; Tambem não conseguia fixar os olhos em algo concistente. Dei um grito animalesco e comecei a correr por entre uma extensa savana. Phaíbe flexivelmente me acompanhava em saltos fantásticos, tambem pulando troncos, arbustos e buracos que apareciam de repente. Sentia algo como se fôsse explodir em meu peito. As pernas firmes pareciam flutuar em tamanha agilidade. Seria capaz de abraçar o mundo numa felicidade tamanha:
- Liberdade. - Pensou Phaíbe me fazendo escutar em algum lugar longícuo dentro da minha cabeça.
Naquele momento me sentí selvagem mas ainda consciente de que minha existência exercia uma parte importante na cadeia alimentar de um grupo seleto. Podia sentir um amor justo capaz de doar ou abraçar ferozmente uma sobrevivência derradeira. Ainda me sentindo animalesco, podia ter certeza de que minha força se faria majestosa até o último suspiro de minha vida; Que meu desejo se faria a qualquer custo; Que minha liberdade não teria limites; Que o meu amor seria um sussurro e o meu gozo, um grito agudo.
Sentia fome, sêde, e um desejo desenfreado de fazer amor.
- Voce é um australopithecus engraçado, - pensou Phaíbe.

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Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.