21 agosto, 2007

Alma Gêmea. (parte IV, O Início).

Quando abriu os olhos, a primeira coisa que notou foi àquela enorme janela redonda com um grosso vidro levemente escuro. Ficou imaginando o como era importante evitar que o ar lá de fora entrasse no interior daquele quarto.
Estava relaxante aquele cômodo. A maioria das civilizações avançadas naquela galáxia usava em sua medicina, a côr, o som e o odor. Há muito deixara de ser uma medicina alternativa; mas a soma de recursos benéficos e eficazes quanto à eficiência de melhora.
No canto da sala havia um pequeno aparelho que soltava partículas ionizadas no ar causando um certo formigamento em alguns pontos vitais de seu corpo: Algumas civilizações chamavam estes pontos de chakras e era de se espantar que elas ainda os energizassem com meros cristais.
Lá fora, uma terra devastada sob um céu vermelho vivo. Não havia vegetação e as montanhas gastas pela erosão do tempo, predominavam os quatro cantos daquela trágica paisagem.
- Vejo que acordou. – disse Dharmilo fazendo Randorz dar um leve sobressalto -, Os damalianos têm uma rápida recuperação. Admirável, devo dizer.
- A sua medicina é admirável – respondeu, - não sei se a minha conseguiria me salvar.
- Creio que não. Vivemos há cada dia a descobrir novas artimanhas contra essa poluição em nossos ares.
- Não foi sempre assim?
- Este mundo já foi um dos mais belos a três mil anos atrás. – Disse em tom melancólico.
- E o que aconteceu pra ficar assim?
Dharmilo sorriu. Disse:
- Você é muito jovem pra essa viagem. Não existe infância na sua raça?; Começam desde cedo a dedicar-se integralmente para o que lhes foi predestinado; Os clãs mais poderosos são àqueles os mensageiros do universo; Sua família deve estar orgulhosa de você.
- Quando posso continuar minha viagem, ou melhor, voltar pra casa?
- Não conseguimos tirar todo o metal de seu corpo, respirou muito metal pesado.Precisamos de mais tempo.
- Minha perna ainda dói.
- Vai passar, mas vai ficar mancando um pouco. Você é jovem e logo ficará bem.
Randorz sentiu uma certa preocupação que vinha daquele senhor, que agora parecendo perdido em pensamentos, disse com a voz arrastada e pausadamente.
- Temos um assunto de seu interesse. - Olhava agora por entre a grande janela arrendondada.
- Sim.
- É mais um pedido: um pedido que precisarás de um tempo para decidir-se.
- Decidir?
Dharmilo virou-se com certo entusiasmo e não mais parecia aquele senhor calmo e preocupado. Segurou Randorz pelo braço fazendo-o sentar-se e continuou:
-Anos atrás, iniciamos um projeto de monitoramento de planetas no ápice de suas maiores transformações. Bem sabes, que nas leis da criação, a balança do equilíbrio da ação e reação não pode haver nenhuma alteração brusca. Só à mãe nossa criadora cabe este direito e só ela pode decidir pra que lado a balança tende a pesar. Como já disse, há milênios a nossa raça cometeu o maior dos crimes dentro da criação: usar o conhecimento pra benefício próprio de maneira egoísta e destrutiva. A reação foi rápida e implacável. Deixamos de herança para os nossos descendentes um planeta doente que sangra há cada mudança de estação. Onde antes havia as mais belas formas de vida no mais perfeito equilíbrio, adaptadas na mais perfeita harmonia no meio ambiente em que vivíam, temos hoje as mais horríveis aberrações que a natureza pode formar, evoluindo numa direção alienada e descontrolada com essência assassina.
- Sendo assim - continuou -, resolvemos opor às nossas ações destrutivas e contrabalancear com ações construtivas ampliando os efeitos da reação através de nossa galáxia procurando planetas em desequilíbrio e dando à eles a chance de se corrigirem para não acontecer o que aconteceu conosco. Só mexendo sutilmente no destino de uma raça, recolocando-a em seu rumo, ajudando a nossa mãe criadora, talvez consigamos a redenção de nossa raça e o universo comece a cosnpirar novamente a nosso favor, e a evolução da vida que voce está vendo lá fora, volte a seguir o caminho que a nossa mãe tinha arquitetado.
- Mas e o que tenho a ver com isso?.
- Salvamos a sua vida e voce é um mensageiro da criadora.
- Tenho que pagar...
- Não estou cobrando estou mais para lhe ajudar.
- Mais do que tens me ajudado?
- Mais do que imaginas.
- Interferindo num planeta não abalaria o seu equilíbrio?.
- Não podemos mexer no paradoxo de implicação terrena, por isso, o único jeito de interferir sem causar danos ao equilíbrio planetário, é coordenar ensinamentos profundos de nossa arquiteta aos habitantes através dos sonhos. Só reeducando toda a humanidade deste determinado orbe teremos êxito aos nossos propósitos.
Randorz tentava não demonstrar suas dúvidas. Perguntou:
- Mas e eu, o que tenho a fazer, no que vais me ajudar?
- Adiantaremos o fluxo evolutivo de sua existência. Pediremos humildemente a nossa mãe que seja possível voce encontrar conscientemente a sua alma gêmea.

Lá fora, ventos fortes surgiam do horizonte; A maré vermelha avançava sistematicamente em pequenas ondas, avançava lentamente; carregava consigo um silêncio mórbito e fatal. No céu, a silhueta de dois grandes planetas por entre um manto infinito, estrelado e colorido.
Randorz Phaíbe viajava agora em pensamentos distantes tentando encontrar nas profundezas de sua concepção, o significado para "alma gêmea".

2 comentários:

Arthurius Maximus disse...

estou ansioso pela continuação. Como disse antes, sempre que dou uma lida aqui, me imagino lendo Asimov. Tá bom demais.

Elza disse...

Olá!!
Estou passando por aqui para dar meus parabéns
pela sua indicação, ao prêmio blog 5 estrelas!
Seu blog é muito original, parabéns 2x!
rsrs...
Boa semana
Lembrando que o último dia para me enviar
seus votos é amanhã dia 27/08 e no próx dia 31/08
conheceremos o blog 5 estrelas escolhido pela maioria!
=]

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.