17 novembro, 2007

O céu.

Se vacilar por algum motivo, inclusive por mêdo, tenho a viva certeza de que voltarei ao meu corpo físico, inerte, profundamente adormecido, esparramado ironicamente sob as cobertas. Por isso, há uma necessidade constante de sustentar o pensamento de flutuação.

Poço ver nuvens de pensamentos elevando-se da cidade: ou em formas mais sutis ou nas mais pesadas e vaporosas nuvens escuras. Mesmo assim, inundam os ares das cores mais sortidas que eu tenha visto.


(Ficaríamos surpresos com a atmosfera astral dos bares, prostíbulos e casas de jogos, pois os pensamentos mais degradantes de almas perdidas vagueiam e contaminam objetos e pessoas com suas essências pesadas).


Sentia uma eletricidade estática quando pontos brilhantes passavam por um fio ténue que me unia ao corpo físico, ainda que não podia mais vê-lo, mas sabia que ainda me pertencia. E ficava maravilhado em ver a tamanha harmonia de todos os pontos que se podia ver, indo ao encontro daquelas nuvens escuras, como se tentassem influenciá-las com suas cores brilhantes. E as vezes conseguiam.


E quando acabou a extensão de uma espécie de túnel - que só ali me dera contas que era um túnel -, uma poderosa luz se fez mostrando um mundo incrivelmente belo; Um mundo brilhante e magnifico coberto de vida pra onde quer que se olhasse.


Vejo agora enormes salas com pessoas deitadas, adormecidas, sob a guarda de outras pessoas que erguiam as mãos sobre as que dormiam, parecendo meditar ou lançando algum tipo de energização,ou algum tipo de "passe" - imaginei. E eram muitas as pessoas, talvez milhares.


Grupos de pessoas seguiam uma única que falava calmamente apontando em alguma direção. E me surpreendia quando via que alguns destes tutores possuíam um luz que fazia os seus corpos quase brilharem. E maravilhosamente afirmo novamente, que vi alguns deles voarem.


Pequenas casas sem portas e janelas formavam grandes grupos de quadras parecendo ser um grande condomínio. As pessoas entravam e saiam como se todas as casas fossem delas. E era admirável ver ao longe, cidades enormes com arranha céus de cristais de todas as cores que já tinha visto e que desconhecia. Torres enormes com lindos sinos que repicavam estranhos sons pareciam tocarem as poucas nuvens. Nuvens que se desfaziam quando algum raio ou objeto lhes cruzavam o centro. (Mensageiros indo e vindo de suas missões celestiais).


Pessoas pareciam ter chegado naquele momento e eram recebidos por seus parentes, amigos e mentores. Diferentes daqueles que ainda dormiam. Crianças brincavam em volta das árvores; pássaros e borboletas também. A harmonia contagiava-me o coração como se sentisse que alí era o meu lugar, mas eu sabia, tinha que regressar.


Uma rosa caída sobre uma fina camada dágua, as margens de um lindo rio, chamou-me a atenção. Fiquei a contemplá-la e de súbito encheu-me de alegria. Uma simples rosa ensinou-me a mais bela das lições. Ainda que caída, deitada húmida e ferida, continuava a sua missão na sua mais infinita jornada. Alem deste plano e além de um outro, há planos ainda mais superiores a se alcançar. Planos em conexão com a terra, cujos esplendores são inconcebíveis para nós. E aquela rosa parecia saber disso.


Não somos nada alem de uma fina poeira que viaja pela eternidade. Ninguém é mais do que ninguém. Todos nós, na sua vez, andaremos pelo mesmo caminho; a diferença está em saber que o caminho não tem fim.

8 comentários:

Jac C. disse...

Poxa... vc é cabeça, né?
Humildemente confesso... não entendo tudo o que escreves, mas admiro.
Bom fim de semana, ok?

Arthurius Maximus disse...

O pós vida é fonte de constante ansiedade por parte da humanidade. Afinal, nos convencemos que somos tão importantes que a morte não pode significar apenas um fim. Se assim fosse, por que lutar tanto ao longo de dezenas de anos para acabar numa vala comum do esquecimento?

Tifon disse...

É verdade, e sabes o que fez me lembrar essa reflexão tua?

O céu, feliz e nostálgico....
Quando nos apercebemos que somos feitos de poeira das estrelas e de um conjunto "gigantesco" de átomos sobrepostos uns sobre os outros, nada há mais a fazer! A razão da existência é ainda um dos muitos mistérios que o homem ainda não resolveu... Faz-nos pensar, hem?

Gostei muito, mesmo.

Tifon disse...

Então?????????????????

Desculpa a intromissão, mas porque é que ainda não comentaste o Grito da Verdade?

Ou tens estado ocupado, ou eu é que ando demasiado livre...

Arne Balbinotti disse...

Bom, gostei da descrição do inferno e agora me surprendo com a descriçao do céu... me lembrou um livro que li a muito tempo atrás.
É de ABRUSCHIN, não sei se você conhece os livros dedicados a "ele" ou escritos por "ele".
Mas sei que são bem interessantes.
Abraços.

Arthurius Maximus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arthurius Maximus disse...

Você foi Vítima de uma MEME. Para ver o seu algoz acesse:

http://www.umpaischamadouati.com/blog

Tifon disse...

Muito obrigada pelo teu comment

És mesmo porreiro.

Um grande xi-coração, amigo

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.