08 setembro, 2007

Alma Gêmea. (parte V, o início).


No início, a vida em sua maior aspiração, eclodiu em pulsos rítmicos as mais simples formas de vida emanadas por um campo elétrico de baixa densidade. Há cada eclosão, minúsculas partículas de vida foram lançadas ao universo predestinadas a um dia voltarem ao ponto de origem. Estes pequenos campos elétricos, em suas essências mais sutis, gotas translúcidas de vida, iniciaram daí uma jornada subordinada a regras de causa e efeito com a única finalidade de evoluir. Por isso, tudo que existe evolui para melhor, pois o ambiente está sempre forçando a vida adaptar-se.
O equilíbrio da ação e reação foi abalado quando a luz do conhecimento se fez presente.
A luta passou a ser mais acirrada e uma corrida de sobrevivência surgiu. Almas perdidas e aturdidas numa escuridão vazia e fria passaram a vagar almejando a independência da criação. Porem, almas fiéis aos preceitos de sua existência, almejando a continuidade daquilo a que foram predestinadas, resistiram duramente buscando o equíbrio em que sempre viveram.
Na eclosão da vida, todos estes filetes que nasceram juntos em um mesmo momento, numa mesma vibração, no mesmo posicionamento entre planetas influenciados por seus campos gravitacionais, passaram a ser interligados ainda que a distância fosse grande. Com os distúrbios do desequilíbrio muitas almas se distanciaram, mas ainda sim, sempre ficaram ligadas através do tempo e do espaço. São chamadas de almas gêmeas.

Randorz tinha esse conhecimento porque o povo damaliano passava de pai pra filho através dos tempos remotos de sua civilização. Sabia que todo ser de alguma forma distribui pelo universo a essência de sua existência: na reação ou em sua ação.

Dharmilo deixou clara a finalidade do projeto: Facilitar o contato de duas almas que sempre viveram em mundos diferentes, que sempre evoluíram em rítimos diferentes, mas ainda sim, interligados num fluxo orquestrado pela criação.

- Conseguimos identificar o seu aluno. – Falou Dharmilo cortando o silêncio do quarto.
Perguntou: - Já decidiu se abre os braços para o seu destino?
- Qual o planeta?
- No quadrante de Ur, na parte deserta. É um planeta que orbita uma só estrela. Os habitantes estão vivendo o início da propulsão imantada.
- Então ainda são carnívoros. – Disse ficando de costas para a grande janela.
- Todos vocês vão ficar na distância e manter contato mentalmente com eles.
- No quadrante de Ur tem poucos planetas habitados.
- Um próximo a estrela de Ur tem. Os habitantes chamam de Terra.

Randorz olhava novamente aquela paisagem de pouca vegetação. Agora, parecendo um estranho entardecer, as sobras surgiam como fantasmas dos habitantes que um dia, ali viveram. Via ao longe, grande e majestosa, a lua daquele planeta. E mais além, um planeta vizinho.
Uma coisa era certa: iria ao encontro de alguém que de alguma forma, era parte dele.

4 comentários:

Arthurius Maximus disse...

Uma verdadeira viagem. Mais um texto excepcionalmente escrito e criativo que encontro por aqui. Só mesmo quem te conhece pra saber do que pode sair dessa cabecinha criativa.

Cris Penha disse...

Olá Jota!

Agradeço as suas visitas ao Laboratório de Geografia e sempre que puder passe por lá. Estou meio sem temp para atualizar mas qdo posso dou um jeitinho.

Vou começar a ler seu blog e descobri suas histórias. Estou pronta para a viagem.


Um grande abraço!

Tifon disse...

Fantástico, lembra-me aquelas viagens e tecnologia de ponta do Star Wars! Adoro ficção científica, e parece que encontro aqui um bom exemplo deste género que se torna cada vez mais internacional.

Parabéns e um grande obrigado pelo teu comment. ;)

Climão Tahiti disse...

E a viagem para o inferno vai começar.

Tenho pena dessa civilização. =/

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Quanto a parar de consumir, já fiz.

Bancos só vêem minha presença quando deposito cheques pra trocar por dinheiro e economia faço em casa, com dinheiro no colchão ou moedas. =p

Sem contar que já voto nulo há duas eleições, essa será minha terceira.

Saudações

A verdadeira religião, é a do coração.